sexta-feira, 13 de abril de 2007
terça-feira, 3 de abril de 2007
Os "baobás" destruiriam o asteróide de O Pequeno Príncipe
Segundo uma das muitas lendas que cercam o imbondeiro, ele pode viver até cerca de seis mil anos. Exagero, mas algumas centenas é crível !. É possível mesmo que os imbondeiros existentes ao lado do Museu da Escravatura em Luanda teriam sido testemunhas do embarque dos escravos angolanos para o Brasil. O museu fica na estrada que liga Luanda à Barra do Rio Kwanza, no Morro da Cruz. A construção colonial é do século XVII. Na capela da Casa Grande os escravos eram "batizados" antes de serem embarcados sob ferros nos navios negreiros que os levariam às colônias. O Museu da Escravatura é um monumento nacional de Angola a lembrar o cativeiro humano, gênese da situação atual de Angola e da África.
Museu da Escravatura em Luanda de onde saíram os escravos angolanos
para a grande diáspora (Foto JR)
Há quem propale que o imbondeiro pode viver milhares de anos mas não há evidências científicas de que seja capaz de chegar a essa provecta idade. Pelo simples fato de que sendo oco o seu tronco, ele não forma anéis, recurso que a ciência utiliza para medir a idade das árvores. Mas, de fato, é considerada a árvore mais longeva do planeta. Certo mesmo é que essa árvore tem uma importância muito grande paraa África, tornando-se um dos ícones de sua paisagem.
Mesmo em Luanda, que é densamente habitada - quase 2/3 da população do país vive na capital - há imbondeiros espalhados por quintais, ruas, encostas e terrenos baldios. Alguns são centenários e se mantém impávidos, resistindo a toda sorte de intempéries. Até mesmo às ameaças do homem, que ocupam desordenamente o solo, constroem em torno deles bairros, muros e casas, implantam musseques (as favelas de Luanda) e lixões ao seu redor, de que resultam a erosão do solo e deslizamentos de terras. Seu tronco bojudo e galhos geralmente ressecados fazem parte da paisagem urbana, mas sua presença é mais intensa nas zonas mais afastadas.
Muita gente desenterra as raízes e delas extrai um poderoso corante vermelho, utilizado em olarias, madeiras e tecidos. Das cascas de seu tronco extraem-se fibras grosseiras que servem para fazer cordas e tecidos grosseiros.
A polpa dos frutos, quando seca, dá origem a uma farinha de sabor que dizem ser agradável. Estudos médicos indicaram sua riqueza proteica (em vitaminas C e do complexo B), seu enorme valor nutricional e por isso é muito procurada como remédio. Foi considerada um dos remédios mais eficazes contra a disenteria. O ácido da polpa é utilizado como coagulante da borracha. Consomem-se as sementes depois de torradas. As folhas são usadas em culinária, cozidas em sopas e até saladas.
Em outros países é conhecido como baobá mas em Angola, Moçambique e Madagascar o nome é imbondeiro, ou embondeiro, conforme o lugar, palavra aportuguesada que vem de m’bondo. Consta que os portugueses colonizadores se impressionaram com o porte da árvore e perguntaram aos gentios o nome dela. E adaptaram a resposta ao seu vocabulário. Reza a lenda que um imbondeiro nunca deve ser cortado nem arrancado. Porque é considerada a “árvore da vida da humanidade”. Já foi objeto de estudos e teses científicas, inspirou canções, orações, filmes e obras literárias, em prosa e verso.
Uma das lendas africanas sobre o imbondeiro dizem que a árvore, por ter muita inveja das demais espécies, foi punida pelos deuses que a puseram de cabeça para baixo. A copa foi enterrada e as raízes ficaram para cima. Vendo-se a foto de um imbondeiro fossilizado ... faria sentido, se não fosse lenda. E que as sua flores exalam o fedor do interior da terra.
Mas seja fazendo parte da paisagem muitas vezes agreste, seja no imaginário popular, o imbondeiro é elemento ativo da africanidade, sendo considerada por muitos a árvore símbolo do continente.
Luanda, 03 abril 2007