terça-feira, 3 de julho de 2007

São João em Angola


Comemoramos o São João aqui em Angola da forma mais parecida possível com o do Brasil, particularmente do Nordeste. Providenciamos um arraiá, com fogueira, casamento na roça, quadrilha, Rainha do Milho, bandeirolas coloridas, forró e comida típica: canjica, amendoim, bolos de aimpim, milho e batata doce, milho cozido, laranjas, etc.


O licor é que foi escasso. Tinha apenas um pouco, de maracujá, Made in Cachoeira. Tratei de economizar sorvendo - o, no copinho característico, bem devagar para que ele durasse a noite inteira.



Não tinha para todo mundo, apenas para alguns privilegiados


Alegria não faltou. Mas embora tivéssemos recriado um ambiente típico das festas juninas, a saudade estava em cada um de nós.

Mesmo vestidos à moda caipira, remendos nas roupas, rostos com bigodes e cavanhaques pintados com crayon - as mulheres com trancinhas, rostos pintados com a indefectível “pinta” nas bochechas e cabelos amarrados em trancinhas - ninguém escondia que faltava algo: estar no Brasil.


Ivana Carla, "Rainha do Milho", me caracterizou


Mas enfim… para superar a ausência da pátria amada (que vive tão "distraída, sem perceber que é subtraída em tenebrosas transações" ) tratamos de nos divertir. E a animação prolongou-se durante toda a festa. Teve muito forró e dançou-se bastante. As angolanas presentes se interessavam bastante pela natureza da festa e mesmo sem entender muita coisa, animadas caíram na dança.



Não faltou (é claro !) quem ensinasse alguns passos do forró




Com Flávia Carybé e Thiago


Após algumas horas de forró, chegou o momento que alguns temíamos: colocar rimos angolanos. Puxados por mim, alguns haviam deflagrado o “Movimento 100 % Forro”, campanha que visava tocar na festa somente músicas juninas. Mas a pressão de outros brasileiros foi mais forte.


Quando colocaram o ritmo “kuduru”, houve “cara feia” e “muxoxos”.

Mas é inegável que a própria animação triplicou e a pista de dança foi tomada. Rendemo-nos às evidências, claro, e todos dançaram. O ritmo alucinante do KUDURU e o frenesi causado pela TARRACHINHA dominaram a noite daí em diante. Ambos são dançados de forma altamente erotizada.

Digo mesmo que a tarrachinha é de causar “complexo de inferioridade” às pessoas que dançam “na boquinha da garrafa”, tal a carga de lascividade que traz consigo.





Moralismos bestas à parte, é uma bela coreografia


Teve gente que se esbaldou. Afinal,"São João só presta, puxando fogo"

Mas apesar de ter sido uma bonita festa foi inevitável sentir saudades da família, do São João em Cachoeira, da festa em Sambaíba (lá na divisa Bahia/Sergipe), dos amigos, de mais licor, de fogos e balões… mas enfim, recorrendo a uma imagem carnavalesca da Bahia, o São João “para o ano sai mió”. Pois estarei no Brasil…

Um abraço !

Luanda, junho de 2007











































Um comentário:

Anônimo disse...

Que inveja que eu sinto de não estar aí para festejar o são joão também. MAs através de todos voçes angolanos, nós os outros que ainda não tiveram coragem de voltar vamos matando saudades.
Eu aqui estou em Fortaleza, Ceará como que a matar saudades de um clima e pareçenças da minha terra, mas não passo disso de parecenças... Mas obrigada pelas belas imagens. Já agora approveito e peço será que me pode arranjar uma foto da estátua da rainha ginga em luanda, para um trabalho que estou a fazer . Eu ficaria eternamente agradecida.
Um beijo Angolano, Paula Mouta
meu e-mail br_aruanda@hotmail.com.