sexta-feira, 2 de março de 2007

RÉQUIEM PARA UMA RAINHA

Reportagem publicada no JORNAL DE ANGOLA, edição de sexta-feira (02 de março).
Foi respeitada a originalidade do texto.

Rainha da região dos Dembos morre aos 121 anos

Fula Martins

Luanda perdeu,ontem,a sua filha mais velha, aos 121 anos de idade, por prolongada doença.Domingas Domingos Sebastião, "Avó Minga" como era chamada, nasceu aos 10 de Dezembro de 1885,em Cambamba-Dange, município de Quitexe, província do Uíje.

A malograda vivia no bairro Hoji-ya-Henda e tornou-se na rainha mais jovem da região do Dange, após a eleição do seu esposo, Francisco Manuel Neto,como Dembo de Cambamba "Rei soberano", por dois mandatos consecutivos de quatro anos.

Em 1929,Domingas Domingos Sebastião recebeu, no palácio tradicional de Cambamba, os primeiros missionários da Igreja Metodista Unida, que se deslocaram ao local para a implantação da missão de Cambamba e de Mufuque.

Com o eclodir da Luta Armada de Libertação Nacional, em 1961, Domingas Domingos Sebastião refugiou-se nas matas, sob protecção dos comandantes Ferraz Bomboco Mahinga e Moisés Micolo "Teté dos Tombos". A malograda participou também na mobilização da população para a luta clandestina contra os colonialistas portugueses.

Avó Minga, como era carinhosamente chamada, mereceu, pela sua dedicação à luta de Libertação Nacional vários reconhecimentos por parte dos Comités Nacional da OMA e Provincial do MPLA, do Ministério da Família e Promoção da Mulher, bem como da sociedade civil. Posteriormente, foi reconfirmada Rainha dos Dembos, pela Associação das Mulheres rainhas de Angola.

Na véspera da Independência Nacional, a Rainha abandonou a sua terra natal, para poder escapar dos invasores estrangeiros, no norte de Angola, e fixou residência na capital do país, no bairro Hoji-ya-Henda, onde residia até a altura da sua morte.

Francisco João Cangundo, um dos netos, disse que a malograda, além de avó, foi uma verdadeira mãe. "Gostaria de a ter viva por mais algum tempo", afirmou. Acrescentou que todos os esforços estão a ser feitos no sentido de comunicarem, às entidades governamentais, o falecimento da rainha dos Dembos.

Francisco Cangundo solicitou ajuda aos órgãos do Estado e a todos os interessados, para poderem realizar um funeral condigno.

A rainha dos Dembos deixa três filhos, 22 netos, 72 bisnetos e 33 trinetos.



Quer dizer, sua majestade viveu 121 anos e o neto ainda queria te-la viva "por mais algum tempo". Isso é que se chama realmente "vontade de viver" ! Aqui em Angola existem muitos reis e rainhas, descendentes de antigos soberanos tribais. São autoridades tradicionais, possuem ascendência moral sobre seus clãs, são muito reconhecidas e bastante respeitadas pela comunidade, governo e demais instituições. Ainda bem !
JR

4 comentários:

Anônimo disse...

Jorginho, o que eu gostei mesmo foi o nome dela: Domingas Domingos Sebastião!! ADorei...
Apesar de achar fantástico chegar a 121 anos, me contento com uns 60....beijos

Nilson disse...

Ao dizer "por uns tempos", o neto, na verdade, se referia a mais uns 121 anos...

Anônimo disse...

Já fiz 2 comentários e não gerei nada! Continuo "analfabyte"... Tento 1 vez +
Antiguidade é posto, meu bem, grande Domingas Domingos que deixou saudades aos 121 . Axé, mulheres. Selene

Anônimo disse...

Fala-se da OMA mas ainda se mente quanto as verdadeiras fundadoras da OMA.
As verdadeiras fundadoras da OMA fundaram a OMA em Conacry no mesmo perioda em que os cinco fundadores fundaram o MPLA tambèm em Conacry.
Porque motivos citam personagens da OMA que nem perftencem a sua criação e fundação?
Porque motivo a viúva do Dr Hugo José Azancot de Menezes ,uns dos fundadores do MPLA ,Maria de La Salete Guerra De Menezes uma Das fundadoras da OMA que participou nas várias fundações (Da OMA e do MPLA),que prestou todo tipo de contribuições durante a luta de libertação não tem direito nem se quer a uma pensão ?
Os argumentos de alguns tecnocratas mentirosos é de que ela não merece uma pensão porque nunca foi militante.
Lamentalmente eu gostaria de saber quais são os critérios utilizados para merecer uma pensão como antiga combatente e qual é a legitimidade que as comissões encarregadas têm para atribuir esses mesmes direitos e a partir de que fundamentos?